A Biologia da Conservação tem suas raízes nas muitas culturas
que ao longo de milhares de anos através de suas crenças religiosas e filosóficas
relacionam o valor das espécies a vida natural (Hargrove,1986; Callicott,
1994). Filósofos como Ralph Waldo Emerson e Henry David Thoreau elegeram a
natureza como um elemento importante para o desenvolvimento moral e espiritual
do homem (Callicott, 1990). Defensores da vida natural, tais como John Muir e
Aldo Leopold, trabalharam pela preservação das paisagens e manutenção da saúde dos ecossistemas
naturais. Segundo os adeptos da Hipótese
de Gaia, a Terra apresenta as propriedades de um “super organismo” cujos
componentes biológicos, físicos e químicos interagem para manter as
características da atmosfera e do clima (Lovelock, 1988). Muitos que defendem
esta tese pedem a interrupção total ou parcial das atividades industriais que
perturbam a interação parcial ou total dos componentes da terra. Com uma visão
mais ponderada e técnica um silvicultor chamado Gifford Pinchot (1865-1946),
propôs uma tese onde afirmava que os elementos da natureza a biodiversidade de
animais e plantas e a água potável e até as paisagens seriam tidos como recursos naturais e que estes recursos
deveriam ser democratizados e utilizados de forma racional. Uma evolução deste
conceito é o da administração de
ecossistemas que prioriza a saúde dos ecossistemas e das espécies silvestres
(Grumbine, 1994b; Noss e Cooperrider, 1994). Semelhantemente ao que defendia
Pinchot a proposta mais atual de desenvolvimento
sustentado pede o desenvolvimento de recursos naturais para atender as
necessidades humanas de forma a não prejudicar as comunidades biológicas e
considerar também as necessidades das futuras gerações (Lubchenco et
al.,1991;IUCN/UNEP/WWF, 1091). A Biologia da Conservação fundamenta-se hoje em
pressupostos básicos (Soulé, 1985). Pressupostos estes que representam um
conjunto de proposições éticas e ideológicas que sugerem abordagens científicas
e aplicações práticas.
A diversidade de
organismos é positiva:
O ser humano tem atração pela diversidade, isso fica claro
quando pensamos na importância que damos a jardins zoológicos, jardins
botânicos, aquários, etc. Esta predisposição a diversidade pode ter uma
explicação evolutiva, ao buscar uma diversidade de animais e vegetais para caça
e coleta respectivamente, o homem primitivo protegeu sua descendência da
extinção em tempos de catástrofes naturais, quando havia escassez de diversas
fontes de alimentos. Esta predisposição genética para a diversidade biológica
chama-se biofilia.
A extinção prematura de
populações e espécies é negativa:
Naturalmente durante a evolução do nosso planeta, muitas
espécies foram extintas por processos naturais, e outras a partir daí evoluíram
e deram origem a novas espécies. Porém este equilíbrio foi quebrado quando o
homem começou a alterar significativamente o meio ambiente expandindo seus
domínios e caçando maciçamente algumas espécies, até levá-las a extinção.
A complexidade
ecológica é positiva:
A co-evolução é um fenômeno ecológico que Só acontece na
natureza, dentro de um ecossistema onde comunidades de animais ou plantas
interagem de tal forma em relações de pregador-presa, parasitismo, ou simbiose,
que as obriga a evoluir, ou co-evoluir, formando novas espécies.
A evolução é positiva:
A adaptação evolutiva é um processo que muitas vezes leva a
formação de novas espécies aumentando assim a diversidade biológica. Porém,
devido ao desequilíbrio causado pelo homem, sobretudo com a redução
significativa de muitas populações e dos próprios biomas onde estas comunidades
estão inseridas, esta capacidade evolutiva acaba sendo prejudicada.
A diversidade biológica
tem valor em si:
Independente do valor econômico que o homem possa dar a
algumas espécies, o verdadeiro valor de qualquer espécie está na sua própria
existência, na história evolutiva e na sua função ecológica que ocupa.
Nível de comunidade e
ecossistemas: a
diversidade biológica também compreende a variação de comunidades biológicas
onde as espécies vivem e os ecossistemas onde as comunidades se encontram e
interagem.